Conversando com a Psicóloga sobre PERDAS E LUTO


Todos nós sabemos que lidar com perdas sempre foi um grande desafio. Mas porque algumas pessoas conseguem superar determinada dor e outras não? Ou ainda, porque em algumas fases de nossas vidas somos capazes de superar tudo e em outras praticamente nada? Todos que sofrem algum tipo de perda seja a morte de um ente querido, diagnóstico de doença grave, falência, traição, injustiça, punição criminal passam por um processo de luto. Este processo é fundamental para que se possa superar este momento.
Para ficar mais claro, vamos dividir este processo de luto em cinco diferentes fases:

Primeira fase: negação
Nessa fase a pessoa nega a existência do problema ou da situação. Pode não acreditar na informação que está recebendo, tentar esquecê-la, não pensar nela ou ainda buscar provas ou argumentos de que ela não é a realidade.
“Isso não é verdade!”
“Vai passar.”
“Sempre dou um jeito em tudo, vou resolver isso também.”

Segunda fase: raiva
Nessa fase a pessoa expressa raiva por aquilo que ocorre. É comum o aparecimento das emoções como revolta, inveja e ressentimento. Em geral essas emoções são projetadas no ambiente externo, como se os outros fossem os causadores do seu sofrimento. A pessoa sente-se completamente inconformada e vê situação como uma enorme injustiça.
“Por que eu?”
“Isso não é justo!”
“Por que fizeram isso comigo?”

Terceira Fase: negociação
Nessa fase é comum que sejam feitos acordos de maneira que as coisas possam voltar a ser como antes. Essa negociação geralmente acontece dentro do próprio indivíduo ou às vezes voltada para à religiosidade. Promessas, pactos e outros similares são muito comuns e muitas vezes ocorrem em segredo.
“Vou acordar cedo todos os dias, tratar bem as pessoas, parar de beber, procurar um emprego e tudo voltará a ficar bem.”
“Vou pensar mais positivamente e tudo se resolverá.”
“Deus, deixe-me ficar bem de saúde, só até meu filho crescer.” (em caso de doenças)

Quarta fase: depressão
Nessa fase ocorre um sofrimento profundo. A tristeza, o desolamento, a culpa, a desesperança e o medo são emoções muito comuns. É neste momento que acontece uma grande introspecção e necessidade de isolamento.
“Não tenho mais capacidade para lidar com isso.”
“Nunca mais as coisas ficarão bem.”
“Eu me odeio.”

Quinta fase: aceitação
Nessa fase percebe-se e vivencia-se a aceitação da nova maneira de viver. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa consegue enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações.
“Não é o fim do mundo.”
“Posso superar isto.”
“Posso aprender com isto e melhorar.”

As pessoas não passam por essas fases de maneira linear, ou seja, elas podem superar uma fase, mas depois retornar a ela indo e voltando, estacionar em uma delas, sem ter avanços por longo período ou ainda pular todas as fases rapidamente até a aceitação. Não há regra. Tudo depende do histórico de experiências de cada indivíduo. Há pessoas que podem passar meses ou anos num vai e vem e não chegar à aceitação nunca. Tem pessoas que em poucas horas ou dias fazem todo o processo.

Dra. Luciana Muszalska
Psicóloga Clínica - CRP: 06/61713