Esqueça o orgulho e construa uma nova história...
Antigamente, o pai tinha muito pouca ou nenhuma importância na vida emocional dos filhos. Felizmente isso hoje não é mais verdade. Na maioria das casas da nossa geração (adultos com mais de 30 anos), era a mãe a única responsável por educar, orientar e principalmente dar carinho aos filhos. Aos Pais, cabia, prover materialmente toda a família e castigar os filhos. Injusta essa divisão de papeis? Naquela época poucas eram as famílias em que as esposas trabalhavam fora de casa... As coisas mudaram, graças à consciência de que a figura paterna é uma referência fundamental na vida de todos nós (familiares). Hoje em dia, os pais estão cada dia cuidando mais de seus filhos, dando mais amor, sendo mais próximos e interessados. Mas, aí lanço um DESAFIO...
Será que não cabe aos filhos, hoje adultos, lançar sobre seus pais um olhar um pouco mais compreensivo e condescendente? Quando se faz uma avaliação tão rigorosa e inflexível, as mágoas que já deveriam ter ficado para trás ainda repercutem nas atitudes presentes... e ambos os lados são prejudicados. Seu pai é do tipo ranzinza, "reclamão", que só vê defeito em tudo, ou se ele é do tipo apático, que não se inclui em nada, não opina e não participa; ou ainda é do tipo autoritário que só aceita as coisas do jeito dele e exige respeito e devoção às suas palavras? Bem, é claro que a convivência harmoniosa deve ter ficado um pouco comprometida ao longo da vida, mas... não seria o caso de refletir internamente e perceber que ninguém pode dar o que não tem?
Que tal dar ao seu pai o que você gostaria de receber?
É muito comum que durante a infância ou a nossa adolescência enxerguemos nosso pai como insuportável, uma pessoa que nunca te compreende, distante, pouco afetivo, etc. Mas, com o passar dos anos, precisamos aprender a resinificar essa visão, agora com olhos de adultos. Não podemos permitir que na fase adulta ainda esperemos aquele carinho e abraço que deveria ter sido dado há 20, 30 ou 40 anos atrás... mas... podemos encontrar esse abraço agora. Você já parou para pensar na possibilidade de dar HOJE ao seu pai, tudo aquilo que você gostaria de ter tido dele no passado? O passado não dá para mudar, mas o presente dá, e só depende de vocês dois!
Sugiro que você reflita... Se faltou, no passado a flexibilidade para agir de forma diferente, e se você ainda se recusa a experimentar tratá-lo com respeito e carinho, não estaria você reproduzindo o mesmo comportamento que abomina?
Chega um tempo na vida em que temos possibilidades... possibilidade de continuar a viver como sempre vivemos e por consequência obter os mesmos resultados que sempre obtivemos... ou... possibilidade de nos reeducarmos, e por consequência mudar a dinâmica de funcionamento dos comportamentos dos nossos pais também. Tudo gira em torno do dar e receber, se você vê isso como a corrente do bem, como a lei da atração, ou como uma questão religiosa... Não importa qual o seu ou o meu ponto de vista, o que importa é que nós podemos dar mais carinho, atenção, presença, conforto e como consequência estaremos recebendo mais tudo isso em troca. Interessante não? É claro que existem, infelizmente, algumas relações que foram tão abusivas no passado que acabaram por chegar a um ponto de rompimento. Nesses casos, será necessário um acompanhamento psicológico, do contrário, você infelizmente, reproduzirá o mesmo, ou o comportamento inverso com seus filhos; ambos extremamente prejudiciais. Mas existem situações em que as feridas não foram tão profundas apesar de terem deixado mágoas, e que podem e devem ser reavaliadas.
Existe um momento na nossa vida em que temos que escolher: Ou permanecemos com as nossas mágoas de crianças; ou optamos por passar por cima de tudo isso e nos abrimos para uma nova realidade mais serena junto aos nossos pais. Eu te garanto que, se você parar hoje para pensar, com os olhos do adulto que você é, você verá que nem tudo foi tão ruim e doloroso.A prendemos coisas valiosas, mesmo cercadas de rabugice, tapas, cintadas ou uma aparente indiferença. Se você tem arestas a aparar com seu pai e não sabe por onde começar, talvez ler para ele este texto, ou pedir que ele o leia, seja uma boa maneira de dar um primeiro passo!
A vida é muito curta e preciosa demais para ficarmos adiando a compreensão, o perdão, os gestos de carinho e amor. Não espere que o primeiro passo seja dado sempre pelo outro. Experimente deixar o orgulho de lado e vá buscar o que deseja. Seja paciente e perseverante, fazendo o que deve ser feito para o seu bem-estar. Se ele não corresponder à sua iniciativa logo de imediato, não desista! Nada verdadeiramente importante é conquistado sem esforço e dedicação.
O resultado, ahhh, eu não preciso nem dizer... Experimente!