Porque será que nos Estados Unidos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e são tratadas com medicamentos e na França, o percentual desse mesmo diagnóstico cai para 0,5%?
Porque é que nos Estados Unidos ela é considerada uma epidemia e na França ele é quase desconsiderada?
Minha intenção com este artigo é chamar vocês, pais, avós, educadores e médicos para uma reflexão. Não sou dona da verdade, nem quero dizer que seu filho não sofre de TDAH, mas afirmo que no Brasil, muitas crianças que estão sendo tratadas como portadoras de déficit de atenção e hiperatividade quando o diagnóstico correto não é este.
TDAH é um transtorno biológico-neurológico? Absurdo, mas a resposta a esta simples pergunta depende de onde você mora. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas e por este motivo o tratamento escolhido obviamente também é o biológico, ou seja, medicamentos estimulantes psíquicos, os mais conhecidos são a Ritalina e Adderall.
Por outro lado, na França, os psiquiatras infantis tem outra opinião, para eles o TDAH é uma condição médica que tem causas BIO-PSICO-SOCIAIS, portanto ao invés deles tratarem os problemas de concentração e de comportamento com medicações, eles preferem avaliar o problema causador do sofrimento da criança, ou seja ao invés de tratar o cérebro da criança, eles tratam o comportamento da criança com psicólogos infantis, psicoterapia familiar ou ainda com psiquiatras infantis.
Esta é uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.
No Brasil, somos muito influenciados pela cultura americana e obviamente os padrões de atuação são, na sua grande maioria, influenciados por essa linha medicamentosa.
Na França existe o CFTMEA, criado em 1983 e atualizado em 1988 e 2000, que vem a substituir o DSM-3 e DSM-4. O CFTMEA, tem como foco identificar e tratar as causas geradoras do problema que causam os sintomas e não somente medicar as crianças para diminuir o comportamento agressivo.