A terapia de casal ainda é vista como uma tábua de salvação para relacionamentos à beira do abismo, mas nem sempre é isso o que realmente acontece. Em quase 16 anos de atendimento clínico, percebo que a maioria dos “casais” ainda não se casaram de fato.
Casamento significa viver A DOIS, então, o que antes era de uma maneira, agora será totalmente diferente! Eles se casam mas não recebem um manual de como ser feliz a dois. As brigas começam com pequenas divergências de hábitos, como baixar ou não a tampa do vaso sanitário, apartar a pasta de dente no meio, deixar a louça para ser lavada no dia seguinte, querer que o outro vá ao supermercado, achar normal chegar em casa e deitar no sofá para assistir TV (novela ou jogo). O casal vai vivendo, a relação se desgastando, um vai se afastando do outro, e quando percebem as relações sexuais vão se tornando mais e mais esporádicas, os dois não fazem mais nada juntos, acabou o AMOR? Não! Eles não aprenderam a conversar.
O desejo de ficar juntinho acabou, os ideais são diferentes, o diálogo... que diálogo? Não sabem nem como conversar, nunca conversaram. Todas as vezes que tentaram, as brigas levam aos gritos, e dos gritos, a perda do respeito, o silêncio reina dentro de cada um individualmente. O isolamento vai aumentando... É a solidão... A solidão apesar de estar acompanhado é a mais cruel de todas. Um se isola na internet, o outro na televisão, na rua, ou com os amigos (as), sem falar nos fanáticos por trabalho (workaholic). E os filhos? Coitados.... ficam quietinhos no quarto deles “fingindo” que estão brincando, que não estão ouvindo nada... mas eles estão ouvindo e sabendo de TUDO... A solidão e a falta de diálogo é familiar. Vivemos todos na mesma casa, nos amamos, mas não nos suportamos. Não dá mais para continuar assim... Vou me separar!
Será que existe outra alternativa? SIM EXISTE! “Minha casa caiu, acabou tudo... eu achava que o meu casamento seria para toda a minha vida.... o que eu faço agora? Eu acho que não vou suportar...” É uma das frases que mais ouço nessas situações.
A grande maioria dos casais nessa situação, não foram capazes de passar da fase do namoro, e achavam que morar junto/ casar era o mesmo que namorar e dormir na mesma cama, e não é.
O número de separações desnecessárias é cada dia maior, e o pior, grande parte delas, poderia SIM ter sido evitadas. Pode estar certo disto!
Fases mais delicadas do casamento, como o nascimento do primeiro filho, já são motivo para que muitos casais pensem na separação.
Lidar com a mudança das diferentes fases da vida não é nada fácil, mas é absolutamente possível! A saída dos filhos de casa, mudanças de cidade, de emprego, e as mudanças de papéis que isso implica é outra situação que leva os casais a procurar ajuda. Para as mulheres, que são as que mais tomam a iniciativa, a falta de vontade de relacionar-se sexualmente é um dos principais motivos. Sem falar nas "emergências", como traições ou situações de luto, depressão e drogas.
Alguns pacientes procuram um psicólogo para se separar. Nesses casos, o encontro pode ser útil para trabalhar as mágoas e a sensação de fracasso. Mesmo que se separem, a psicoterapia é muito importante, principalmente quando tem filhos envolvidos. O que faz as crianças sofrerem é a incompetência dos pais na separação. Os filhos querem ver seus pais felizes, isso é muito mais importante do que os verem juntos e brigando, Pode ter certeza disso!
A pergunta que mais escuto é: E FUNCIONA?
Apesar de desacreditada por alguns, a Psicoterapia de Casal funciona, SIM! Veja os dados abaixo:
A maior pesquisa clínica já feita sobre o tema afirma: Psicólogos da Universidade da Califórnia, nos EUA, atenderam 134 casais em crise profunda durante um ano. Após 26 sessões, 2/3 dos relacionamentos haviam apresentado evidentes sinais de melhora.
Cinco anos após o fim do tratamento: 50% dos casais afirmou que suas relações haviam melhorado consideravelmente, 25% se separaram, 25% seguiram casados sem mudanças.
A terapia não faz milagres e nem serve para evitar a separação a todo custo, mas ela ajuda a enxergar a relação de fora, ajuda a aprender a dialogar, auxilia nas dificuldades sexuais, ensina a ouvir, a flexibilizar, a buscar o melhor caminho para a relação, a enxergar o outro, a respeitar as diferenças e aprender a lidar com elas, a ser mais feliz junto, ou separado. É a possibilidade de um novo começo,e não de um re- começo, pois se lá estão, se procuram ajuda DE VERDADE é porque ainda existe algum sentimento, e se existe sentimento, há possibilidade de ajudar este casal!
Nas grandes crises, o primeiro objetivo é ajudar o casal a decidir que caminho seguir. Se a separação for a melhor saída, o psicólogo ajudará a reduzir os danos. Uma separação é traumática por si só, minimizar as dores é sempre uma opção a ser considerada.
O papel do psicólogo não é decidir quem tem razão. É interessante que muitos casais brigam porque um fala uma coisa, e o outro entende outra, completamente diferente. Eles estão tão na defensiva, que não são mais capazes nem de ouvir o parceiro. A comunicação está sempre muito comprometida nesta fase, as acusações são constantes, há ainda casais que continuam vivendo após anos de casamento, como se ainda fossem solteiros.
Apesar das vantagens da terapia de casal, há situações em que o atendimento individual é mais indicado. Algumas dificuldades nas estruturas individuais devem ser tratadas individualmente. Ciúme patológico, depressão, baixa autoestima são alguns dos temas que em geral são tratados individualmente. Em algumas situações faz- se necessários alguns atendimentos separados para depois juntar o casal numa única sessão.
Em média, o atendimento dura de três meses a um ano. Cada casal tem um tempo e uma dinâmica de funcionamento, alguns casais demoram mais tempo, e é normal. A saída dos filhos de casa, a mudança de papéis que isso implica é outra situação que leva os casais a procurar ajuda.
As mulheres, que são as que mais tomam a iniciativa para o início da terapia de casal, queixam- se constantemente da falta de vontade de relacionar-se sexualmente com o parceiro. Existem casos, que são considerados "emergências", como traições ou situações de luto e depressão, e apesar de muito mais complicados, ainda assim é possível, caso se deseje, começar novamente.